A busca por soluções tecnológicas no setor da construção civil, direciona os processos construtivos para melhorar a eficiência produtiva, otimizando os insumos consumidos de forma a gerar menores índices de resíduos e as técnicas de processamentos, de modo a resultar em menor número de acidentes de trabalho.
Projeções para o ano de 2050, indicam que a população mundial crescerá cerca de 42% e a demanda pelos recursos naturais será cada vez mais intensa. Além desses fatores, o setor construtivo é uma das áreas em que mais gera resíduos, estima-se que para cada metro/metro construído esteja em torno dos 20 a 80% de resíduo gerado. Por certo, grande parte desse parâmetro está atrelado a mão de obra artesanal, no qual o setor tem grande representatividade.
Soluções que visam abordar tecnologia e meio ambiente serão primordiais, visto que o aumento populacional, instigará a necessidade de construir com maior velocidade, com melhores tecnologias e mais sustentável, de modo a reduzir os consumos desenfreados dos recursos naturais e da demanda por infraestrutura. Construir de forma sustentável requer domínio de técnicas, da otimização dos insumos, das matrizes energéticas e na geração de resíduos, sempre visando a melhoria do ambiente construído.
Atualmente, a construção civil é responsável pela extração de 40 a 75% das matérias primas da natureza, que são transformados em materiais de construção. Estudos apontam que a mecanização dos processos construtivos será o ideal para as próximas gerações, atendendo os requisitos técnicos, ambientais e sociais. No entanto, a implantação da tecnologia depende das variáveis culturais, técnicas e locais, como controle rígido no canteiro de obras e capacitação profissional.
Desta forma, respeitando as diversas composições dos materiais cimentícios, suas propriedades físicas e químicas, somados aos desafios da sua utilização em impressoras 3D, há um potencial de extrusão de composições cimentícias, substituindo o teor de cimento em até 50% por filler calcário – o efeito filler tem como objetivo melhorar o empacotamento de partículas do sistema, potencializando suas propriedades, tanto no estado fresco, quanto no estado endurecido. Linhas de pesquisas no Brasil e no exterior estudam utilizar resíduos de concreto, afim de reduzir os impactos ambientais causados pela indústria de cimento, que atualmente é responsável por cerca de 7% das emissões globais de CO2. Os resultados podem chegar em reduções significativas no consumo de cimento, na geração de resíduos e nas emissões de CO2 associadas à produção de cimento.
Heitor Montefusco Bernardo é engenheiro civil pela Universidade Brasil.